House 7x07: A Pox on Our House

18.11.10


Salvo pelo gongo! Ou melhor, pela Martha.

Rasgar elogios a House já se tornou pleonasmo. A série mostra semana após semana, sem exceção, que continua mantendo o foco no principal fator necessário para se obter uma temporada de sucesso: estabilidade. E são justamente episódios bem distribuídos como A Pox on Our House, que conseguem mostrar que essa estabilidade não se deve única e exclusivamente ao relacionamento entre House e Cuddy.

Diagnósticos que surpreendem, pacientes que emocionam... E a típica falta de discernimento de House sempre deixa as coisas mais tensas. A mística serviu de pano de fundo para todos esses elementos, quando uma garotinha e seu padrasto são supostamente infectados pelo vírus da varíola, logo após encontrar um misterioso vidro em meio aos destroços de um navio negreiro. O que é mais fácil: uma doença infecto-contagiosa sobreviver 200 anos fechada em um pote no fundo do oceano, ou uma prostituta holandesa concordar em traduzir para o inglês um manuscrito datado da mesma época? Apesar de House ter literalmente pagado para ver, ele acabou descobrindo a resposta da pior maneira possível. Fazia algum tempo que não víamos tamanha carga dramática ser despejada sobre as costas do doutor, carga essa tão pesada que por muitos momentos foi compartilhada com as pessoas a sua volta. O fato de House ter invadido a quarentena foi tão estúpido que beirou o heroísmo. Meus olhos lacrimejaram ao ver a despedida e morte de um dos seus pacientes, minha boca secou ao ver sua própria luta contra um destino parecido, e aos poucos aquela cena se transformava em uma gigantesca teia de sentimentos que abrangiam todos os que estavam naquela sala. Mas foi justamente em meio a tudo isso, com o doutor já rendido e Cuddy inevitavelmente conformada, que a brilhante estrela de uma jovem médica resolveu aparecer novamente.

Martha não mentiu, não enganou, e muito menos infringiu regras. Ela usou da mesma persistência comum a House para surpreendentemente superar o mestre. Persistência essa que lhe deu não apenas o diagnóstico, mas também o respeito de sua equipe, e quem dirá, algo perto disso em relação ao doutor. Afinal, House não só deve os diagnósticos de dois casos, como também a vida de dois pacientes (três se contarmos com a dele) à Martha. A pequena notável prova a cada dia que sua presença, hoje considerada uma mera substituição, poderá no futuro se transformar em soma, mesmo com a volta de Thirteen. Alguém ainda acha que essa foi a ultima vez em que Martha, independente do sentido, salvou a pele de House? Eu não.

Para falar a verdade, o que realmente me deixou curioso foi a falta de uma pessoa em especial durante toda essa odisseia: Wilson. O fato do oncologista não marcar presença frente ao vidro da quarentena foi sentido por mim e muito provavelmente pelo próprio House, mas depois da alegria que ele proporcionou durante todo o episódio, a última coisa que eu poderia fazer seria reclamar. Eu adoro ver a interação de Wilson com seus pacientes, e ficaria muito feliz se isso fosse mais frequente. É que depois de episódios e episódios de puro sarcasmo e humor negro por parte de House, ver Wilson tratar um paciente com gentileza e carinho é algo reconfortante. Ainda mais quando a paciente é uma criança assustada, que não tem a presença da mãe por perto e esta rodeada de pessoas estranhas. Coincidentemente os finais felizes contidos nesse episódio se devem todos a mulheres, pois Sam, assim como Martha, tomou a iniciativa que acabou por salvar a vida da criança. E por falar nisso, eu adorei ver Wilson cogitar a hipótese de ter um filho com a Sam. Depois da morte de Amber e de todos os problemas que isso acarretou a ele, um filho seria com certeza um motivo a mais para sorrir. Eu não sei se isso acontecerá de fato, mas fico na torcida para que aconteça.

Reafirmo o que disse no começo do review: a estabilidade não se deve única e exclusivamente ao relacionamento entre House e Cuddy. Mas é bom deixar claro que ao dizer isso eu me refiro à estabilidade da série, pois quando se trata da estabilidade do doutor, ai a história fica diferente. Eu realmente não entendo o porquê de todo esse vendaval criado por Cuddy, afinal, foi ela quem sempre insistiu em separar o pessoal do profissional. Eu enumerei vários motivos a favor de House durante o meu último texto, mas ao que parece ela ainda não conseguiu enxergar nenhum deles. É confusa a bipolaridade de sentimentos que ela apresenta, já que o ''perdão instantâneo'' que Cuddy concedeu a House durante a quarentena foi mais do que compreensível, porém a anulação desse sentimento após o afastamento do perigo acabou por ser contraditório. É bom lembrar que House mudou com e por ela, e do mesmo modo que fez essa mudança pode desfazê-la, caso Cuddy continue com essa atitude. Mas convenhamos, é improvável que isso aconteça por tão pouco, pois uma vez que o perdão foi responsável por impulsionar o início desse relacionamento, o próprio perdão deverá ser o responsável por mantê-lo de pé.

Essa sensacional temporada já caminha sozinha, e deve esse feito não a um fator isolado, e sim ao conjunto da obra. Tudo bem, a base para isso tudo foi de fato o relacionamento entre nossos protagonistas. Só não podemos esquecer que esse mesmo relacionamento foi responsável por tantas outras coisas que, hoje ainda que abalado, não afeta seus frutos. E a série segue colhendo esses frutos a cada episódio.

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