Doctor Who: melhor série de todos os tempos e universos

6.7.10

Essa não é a primeira vez que Doctor Who aparece no blog e nem será a última. Já tivemos os ótimos reviews do Leandro Souza sobre The End Of Time, fim da “era Tennant” e The Eleventh Hour, premiere da quinta e mais recente temporada. Dedicamos à série também boa parte do 19º podcast, The One With The Girl Mutiny, com a presença mais que bem-vinda da Paula Pötter, autora dos reviews de Doctor Who no Série Maníacos e co-responsável, junto com o Leandro, pelo momento em que tomei vergonha na cara e passei a acompanhar regularmente a série. Todos os links estão recheados de informações bacanas a respeito do vasto histórico da série.

Mas qual é o propósito desse post, apenas indicar links? Não exatamente. A verdade é que depois de finalmente devorar as cinco temporadas e todos os especiais da série atual, eu não podia deixar de prestar a minha homenagem e fazer um APELO: se você também já ouviu maravilhas da série e, assim como eu, enrolou para vê-la pela quantidade de episódios, pare com essa bobagem agora e comece! A estrutura de Doctor Who permite se apaixonar pela série em diversos momentos, como você rapidamente descobrirá nesse guia de “como ser fisgado por Doctor Who em uma rápida viagem na Tardis”.
Primeira Temporada

A retomada de Doctor Who nas mãos de Russell T. Davies, em 2005, é oficialmente considerada a “primeira temporada” da nova série, mas curiosamente, tem muito menos cara de “início” do que a quinta, por exemplo. Com Christopher Eccleston no papel do Doutor, a história começa literalmente na correria, quando a vendedora Rose (Billie Piper, companheira queridinha dos fãs) é atacada por manequins. Se aqui você já achou a coisa toda bizarra, espere para conferir o momento em que o namorado de Rose é engolido por uma lixeira,o aspecto de papel da última humana existente, os alienígenas que soltam gases e usam roupas de humanos com ziper e tudo, e uma população inteira fundida a máscaras de gás que sai por aí perguntando “você é minha mamãe?”.

Amarração da temporada: A primeira é provavelmente a temporada que menos gostei na série, embora já seja excelente. A irregularidade é grande e o negócio começa a engrenar mesmo a partir do sexto episódio, “Dalek”, que apresenta os maiores inimigos do Doutor: saleiros gigantes que vão te irritar muito, mas que você acabará aprendendo a amar… ou amar odiar!

Toda temporada após a retomada é permeada por um elemento que se faz presente em alguns episódios e revela sua importância no final, e o dessa é a expressão “Bad Wolf”, espalhada (às vezes de forma discreta, às vezes piscando em neon “me veja, eu estou aqui!”) em diversos pontos. Também vejo como aspectos recorrentes na série os episódios com forte crítica à sociedade, como no hilário episódio sobre reality shows (Bad Wolf, 1×12), e as brincadeiras feitas com figuras históricas, que no caso desse ano são feitas com Charles Dickens (The Unquiet Dead, 1×03).

Por onde começar: Se você decidiu que vai começar a jornada do Doutor por essa temporada, o melhor é mesmo partir do primeiro, que como eu já disse, tem muito pouco de “início” e nem é tão genial quanto o resto da série, mas vale como apresentação de Rose e do universo do Doutor. No entanto, se já quiser começar arrebatado pela série, dê uma olhada no arco dos episódios 1×09 e 1×10, The Empty Child e The Doctor Dances. Os episódios não são completamente independentes do resto da temporada, mas serão compreendidos e apresentam tudo o que a série tem de melhor. O arco marca a primeira aparição do capitão Jack Harkness (John Barrowman), que gerou o spin-off Torchwood, e foi escrito por um roteirista cujo nome você deve se lembrar daqui pra frente: Steven Moffat.

Segunda Temporada

Sai Christopher Eccleston, entra David Tennant. E se você estranhar a mudança por algum tempo (acredite, eu estranhei), não se preocupe. O novo Doutor rapidamente se tornará uma das figuras mais importantes e queridas da sua vida, talvez até mais que seus amigos e familiares. Billie Piper continua na série como Rose e sua química com o novo Doutor é uma das coisas mais espantosas e bonitas que já vi numa série. Como se isso não fosse suficiente, os seres bizarros e as histórias que não fazem o menor sentido até subitamente começam a fazer ficam ainda melhores nesse ano. Rose e o Doutor encontram praticamente de tudo, desde gatas enfermeiras (e essa não é uma imagem sensual) e fantasmas que convivem pacificamente com os humanos, até lobisomens que atacam a família real, morcegos que fabricam estudantes gênios com batata frita e o próprio demônio (num arco que me deixou sem dormir por alguns dias).

Amarração da temporada: A criação do instituto Torchwood, ordenada pela rainha Victoria (olha o fator histórico aí de novo) é o grande mote da temporada, e você ainda vai ouvir falar muito nessa palavra, já que é o título do spin-off estrelado por Jack e um divertido anagrama de “Doctor Who”. O espectador viciado em televisão continua sendo alfinetado, embora o episódio que discute essa questão (The Idiot’s Lantern, 2×07) não seja tão divertido quanto o dos reality shows na primeira temporada.

Por onde começar: Episódios do Steven Moffat (nessa temporada foi The Girl In The Fireplace, 2×04) são sempre a aposta segura, mas eu arriscaria no arco estrelado pelo capiroto em pessoa, The Impossible Planet (2×08) e The Satan Pit (2×09), ambos escritos por Matt Jones. Isso se você estiver preparado para o terror que o episódio traz, já que além da ótima discussão levantada pelo episódio, a respeito da ideia de “demônio” presente nas civilizações, o arco está cheio de cenas realmente assustadoras. Uma opção menos pesada e extremamente divertida é School Reunion (1×03), que traz de volta personagens da série clássica como Sarah Jane e K9, o cachorro-robô que todo mundo vai querer ter. É um episódio descompromissado e com foco em batata frita, uma combinação que não tem como dar errada. Todo mundo adora batata frita, certo?
Terceira Temporada

Eu não direi o porquê (e você certamente não vai querer saber), mas no terceiro ano, é a acompanhante do Doutor que muda. Para o pavor de alguns fãs, Martha Jones (Freema Agyeman) toma o lugar de Rose, e sua atitude boba-apaixonada perante os acontecimentos da temporada vai irritar muitos, o que não foi o meu caso. Sim, Martha é meio tonta e se encaixaria muito melhor sofrendo nos corredores de Grey’s Anatomy, mas eu simpatizei com a atriz e todo o seu núcleo familiar. A temporada é considerada a mais fraca pela grande maioria, já eu acho superior à primeira em muitos aspectos e, embora irregular, tem muitos momentos geniais. Entre as maravilhas que vão te entreter nesses 13 episódios, estão William Shakespeare espantando bruxas com um feitiço de Harry Potter, anjos aterrorizantes que te farão ter medo de todo tipo de estátua, uma surpreendente reviravolta na composição dos Daleks e o Doutor experimentando a humanidade.

Amarração da temporada: Quando escrevi o post originalmente, disse que não havia nenhuma, mas as leitoras Mica e Fernanda, muito mais atentas que eu, corrigiram minha injustiça. O nome do primeiro ministro, Harold Saxon, está presente em toda a temporada, assim como o ritmo de 4 batidas que terá importância não só no desfecho desse ano, mas em todo o fim da era Tennant. Há ainda um elemento importante em Human Nature (3×08) e a partir de Utopia (3×11) começa a insanidade apoteótica que é essa reta final. Se você é como a maioria dos fãs e odiar Martha com todas as forças, o que ela faz pelo Doutor no fim de tudo certamente vale de alguma redenção para a personagem.

Por onde começar: Fácil. Nenhum fã vai hesitar ao responder essa pergunta, já que Blink (3×10), escrito por Steven Moffat (lembra?), é simplesmente perfeito para qualquer pessoa que nunca viu a série ser completamente fisgado. Foi o primeiro que eu vi e explico o motivo: é um episódio totalmente compreensível sem qualquer informação do resto da série, quase não tem o Doutor (e consequentemente a Martha), e mesmo assim dá uma vontade louca de correr atrás do resto. Blink é definitivamente a melhor pedida para quem ainda tem dúvidas.

Quarta Temporada

O último ano comandado por Russell T. Davies e estrelado por David Tennant não podia passar em branco. Essa temporada é praticamente uma celebração desses quatro anos de Doctor Who, com direito a retorno de personagens antigos que vão te deixar com o maior clima de nostalgia. A companheira oficial é Donna Noble (Catherine Tate), apresentada no especial de natal antes da terceira temporada. Mais velha e sem nenhum interesse romãntico no Doutor (ou vice-versa), Donna é a companheira perfeita. Desbocada, sensível às pessoas e criaturas salvas e deixadas para trás pelo Doutor, Donna bate o pé e muitas vezes o confronta, algo que as companheiras anteriores não tinham o costume de fazer. Essa temporada é tão boa no quesito bizarro que já começa com criaturinhas adoráveis que surgem da gordura humana, passando pela erupção do vulcão em Pompéia, a apresentação da filha do Doutor e um mistério resolvido pela própria Agatha Christie.

Amarração da temporada: Até que tudo esteja amarrado, você não vai fazer a menor ideia de quais são as dicas do grande arco dessa temporada, mas elas estão todas lá, e para nãe stragar a surpresa, é só isso que direi. É uma temporada absolutamente deliciosa para a dupla Doutor-Donna e, como eu disse antes, vai te deixar com um profundo sentimento de saudades quando terminar. A temporada se fecha satisfatoriamente em Journey’s End (4×13), mas a despedida de David Tennant e a ponte com a quinta temporada só é feita no especial “The End Of Time”, um episódio duplo que vai te fazer chorar como criancinha.

Por onde começar: Difícil apontar um episódio da quarta temporada que faça o trabalho de fisgar novos fãs para a série, já que é tudo muito interligado, e a presença de Donna depende até mesmo de The Runaway Bride, sua apresentação no especial de 2006. O episódio mais independente e descompromissado é The Unicorn And The Wasp (4×07), com a presença de Agatha Christie em um clima deliciosamente canastrão de mistério.

Quinta Temporada

Ficou com preguiça de ir atrás de tudo o que eu já falei? É simples, comece por essa temporada e, se quiser, pode até parar nela. Steven Moffat (eu disse que esse nome seria importante) assumiu o comando e fez de Doctor Who praticamente uma nova série. Todos os arcos e personagens importantes para as outras temporadas ficaram no passado e o que importa aqui é Amy Pond (Karen Gillan, a mulher mais adorável a por os pés no planeta Terra) e sua relação com o novo Doutor (Matt Smith, o homem mais adorável a por os pés no planeta Terra).

Amarração da temporada: Diferente do que aconteceu na mudança entre Eccleston e Tennant, a transição para o Matt Smith foi natural e até os grandes fãs do Tennant (me incluo) aceitaram bem a novidade. Também, pudera. Matt Smith traz toda a excentricidade e irreverência do Doutor acompanhada de um teor dramático que às vezes assusta, numa temporada absolutamente toda amarrada e sem episódios fillers, algo que nunca se imaginava nos outros anos. Ironicamente, o que une todos os pontos da temporada são rachaduras, a começar pela localizada na parede da pequena Amelia (Caitlin Blackwood, prima de Karen Gillan, fazendo bom uso do nepotismo na TV), que liberta um prisioneiro que é basicamente uma serpente gigante com aspecto plástico. A temporada segue com motores movidos a baleias, vampiros em Veneza e até mesmo uma visita emocionante a Vincent Van Gogh.

Por onde começar: Lembram que eu disse que essa temporada tinha mais jeito de “início” do que a primeira? Pois é, nesse espírito The Eleventh Hour (5×01) é a oportunidade perfeita de ver tudo o seriado tem a oferecer sem necessariamente ver os outros anos. Digo necessariamente, porque é claro que depois de ver a quinta temporada, você estará tão louco por mais Doctor Who que verá tudo de qualquer maneira. Não tenho a menor dúvida disso!
Tá Bom, Eu Vou Ver! Onde Encontro?

Já que comecei o post com links úteis, nada mais justo do que terminar com mais um. Se você foi convencido e está absolutamente desesperado, imaginando como vai encontrar todos esses episódios e especiais, é hora de se acalmar. O site Universo Who tem tudo o que você precisa, muito bem organizado por fãs ainda mais apaixonados pela série do que eu. O site também tem fórum de discussão e um excelente podcast sobre a quinta temporada, para quando voce estiver completamente viciado!

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3 comentários

  1. Leo, adorei o formato do seu post, muito bem escrito,. gostei muito! Já assisti à toda série, alguns spinoff e mesmo assim o texto me prendeu muito.

    Só não sei como vc consegue gostar mais da Donna do que da Martha. O Episódio das gordurinhas foi a pior coisa que já vi em toda a série! Ainda não vi nada da série clássica pior que isso e acho difícil que eu vá ver. Ao contrário de vc, achei completamente detestável e muito mal feito para uma série em sua quarta temporada, líder na inglaterra e já com algum orçamento.

    Mas não posso concordar mais com vc ao descrever Amy e Doctor, Karen e Matt. Adoráveis, nasceram para isso.

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  2. Mila, acho que eu me acostumei ao espírito trash que domina Doctor Who muitas vezes, mesmo quando eles tem orçamento e daí encarei as gordurinhas com mais humor do que qualquer coisa. E essa, aliás, é a razão pela qual prefiro a Donna, a dinâmica dela com o Doutor sempre foi mais de humor do que de drama, diferente da Rose e da Martha, embora eu também goste muito delas.

    Brigadão pelo comentário!

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  3. Que texto lindo <3 uhsauhsuahs

    amo DW, mas meus amigos são chatos demais p ver, até mesmo dando as mesmas dicas que tao aqui. Vou tentar de novo quem sabe XD

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