O mistério dos números de Lost sempre foi um dos maiores segredos da série. Nesse episódio, focado em John Locke (o próprio) e John Locke (o outro), podemos entender para que eles servem, mas não chegamos mais perto de entender o que eles significam de verdade.

Sempre gostei dos episódios de Locke, que trazem um tom amargo, garantia de alguma ação no meio da selva e muitos mind-games. Com esse, não foi diferente e as expectativas foram satisfeitas. Para completar, a trama do “Flash If” mostra, cada vez mais, que todas as pessoas que algum dia passaram pela Ilha estão ligadas, seja no tempo, espaço ou dimensão que for. O título também acaba virando uma espécie de trocadilho ou piadinha interna, mas falarei disso mais adiante.

Para começar vamos à trajetória de John após a saída do aeroporto. Como sempre, a sorte não está ao lado dele. O elevador do furgão não funciona e, estatelado no chão, John seria uma flor sendo regada no jardim, mas, com aquela cara, parece mais uma erva daninha que não dá sossego. À parte da compania de Helen, que parece ser a única coisa certa na vida dele, vemos John ser demitido, já que em vez de ir à convenção da empresa ficou todo de birra por terem tido a audácia de não permitir um cadeirante num safári. É aí que ele conhece Hurley, o dono da empresa que o ajuda a conseguir seu novo emprego. Na agência de empregos, ele tromba com Rosie, uma das supervisoras do local e, para terminar, encontra com Ben Linus, professor de história européia, na escola onde John será O SUBSTITUTO. Seja lá qual for a ligação entre esse título e o nome do episódio, temos ainda mais uma menção ao termo.

Na Ilha, além do passeio que fazemos como se fôssemos os olhos do Lostzilla, é possível notar que o novo Locke procura aliados. Sem conseguir ajuda de Richard Alpert - que, cá entre nós, ficou putinho por acabar com a maquiagem sempre indefectível, toda borrada pela violência de Locke - ele procura por Sawyer. O fato de ele estar isolado do grupo e com muita raiva guardada pela morte de Juliet ajuda na missão de trazê-lo para perto , isso sem falar na ânsia dele por qualquer resposta sobre a Ilha e a causa de tudo.

Só achei estranho que, ao notar que Locke não é Locke, Sawyer afirma que era o original a lhe meter medo. Como assim? Quer dizer então que o próprio demônio rouba o corpitcho semi-idoso de Locke e isso não dá medo em Sawyer? Sinceramente, não entendi nada disso e, se fosse eu ali, teria corrido enquanto fosse tempo, a fim de evitar aquela loucura de descer a encosta, com o oceano quebrando pertinho, por escadas com nenhuma segurança. Mas, se Sawyer não tem medo de Lobo Mau, Bicho Papão e muito menos de Locke que não é Locke, não seriam umas escadas de bambu e corda velha que iriam assustá-lo. A descida é tensa e, como é óbvio, tem um pequeno acidente, que quase levou Sawyer a ser uma bela oferenda de Iemanjá. Dentro da caverna, a resposta está impressa nas paredes. Nomes de muitos passageiros do vôo 815, alguns estranhamente riscados e a revelação de que Jacob sempre gostou de números e...nada mais. O mais importante é que os nomes relacionados são de possíveis SUBSTITUTOS. O escolhido teria a função de tomar o lugar de Jacob e proteger a Ilha. Na lista, pela ordem temos: John Locke como o número 4, Reyes é o número 8, Ford como 15, Shepard como 23, Jarrah como 16, Kwon (não sabemos ainda se relacionado à Sun ou Jin) seria o número 42. Sobre esse último, acredito que esteja relacionado a Jin, já que a listagem parece incluir apenas homens, embora o cargo também pudesse ser passado ao casal.

A sequência em que vemos Jacob em momentos cruciais da vida de cada uma dessas pessoas serve para relembrar e mostrar que o caminho que percorreram desde que estiveram com ele foi guiado para que, um dia, estivessem na Ilha, o que, de certa forma, todos nós já sabíamos. No entanto, a revelação de que eles foram levados para substituir Jacob é uma novidade e abre o questionamento inda mais forte para sabermos o que diabos está ameaçando a Ilha e o que pode acontecer com ela se os mau agouros de Jacob se confirmarem.

É notável também, que o pessoal do templo tinha uma forte razão para salvar Sayid e agora sabemos qual é, afinal. O que continua sem explicação é que ‘doença’ é essa que vai afetá-lo, depois daquele banho em águas barrentas.

Fica ainda a curiosidade para saber se Sawyer vai mesmo sair da Ilha em compania de Locke que não é Locke e, caso isso aconteça, se veremos a Ilha ficar, como vimos na Season Premiere, completamente debaixo d’água.