Como fã de Nip/Tuck que acompanha a série episódio por episódio e adora as bizarrices que aparecem, me sinto estranha em dizer que essa 6ª e última temporada começou sinistra e esquisita.
Não sei bem o que é. O roteiro me parece meio perdido às vezes, como se aquele gás da série tivesse acabado, mas, de repente, acontece um suspiro, que embora pareça o último, não é. Acho que 50 % desse episódio foi ruim. Digo, realmente ruim. Me cansa essa coisa de apelarem sempre pro limite dos personagens. Sean especialmente. Ele tem momentos em que parece absolutamente sensato para, logo em seguida, fazer alguma coisa tão estúpida que nem mesmo um completo imbecil seria capaz. Christian é mais consistente em termos de personalidade, embora tenha lá seus momentos de surpreender o público.
Continuo aborrecida com as constantes tentativas de matarem os dois. Sean, dessa vez, tomou 2 pílulas para dormir e Christian teve de fazer uma lavagem estomacal nele, dum modo bastante caseiro. Deu certo, afinal, e nem poderia ser diferente. Surpresa seria se matassem mesmo um deles, aí sim, eu respeitaria novamente os colhões de Nip/Tuck, que já foi excelente e hoje é só mediocre, infelizmente.
Depois de todo esse drama de morre-não-morre, Sean continua tendo problemas para dormir. Algumas palavras do sócio, sobre sua situação financeira acabam afastando a interesseira Ted, que adora dizer que não é materialista, mas vive pensando em dar o golpe do baú em Sean. Quando ela usa o argumento da falta de confiança (leia-se falta de cash mesmo) para concretizar o casamento dos dois, Sean fica ainda pior e acaba numa dessas lanchonetes de estilo bem americano, onde conhece Vivien, uma garota toda dark que também sofre com a falta de sono. Ela convence Sean a fazer parte de seu plano para conseguir pílulas para dormir. Primeiro, quase exige uma masturbação em público, no hospital lotado de gente doente. Vivien se excita ao saber das dores alheias e para concretizar sua estratégia, finca um garfo no antebraço. Lembrei daquele episódio em que o jovem cirurgião plástico indiano da temporad passada quebra a mão batendo a porta do carro nela, só para escapar da carreira escolhida por seu pai, mas essa do garfo foi bem menos chocante. Além de conseguir os remédios. Sean usa Vivien para fazer ciúmes em Ted. Essa, aliás, vai aprontar alguma em breve, mas ela é tão canastrona que é óbvio demais que vai roubar o Sean de algum jeito. A relação com Vivien, que é psicótica de carteirinha é mais uma dessas que pode afundar Sean, mas, ele resolve não fazer mais parte desse jogo ao vê-la no lance da masturbação com o zelador do hospital. Nojento demais.
Christian e Liz continuam em guerra e agora ela também quer o barco dele. É tanta picuinha chata! As palavras dela, de que o ex só servia mesmo pelo tamanho descomunal de seu pênis, fazem o médico ter uma ideia brilhante, dessas que só mesmo Christian Troy teria. Ele pede que Kimber faça um molde de seu, digamos assim, artefato, para vendê-lo em sex shops como o 'grande amigo' da estrela pornô Kimber Henry. Achei que ia rolar um revival e me contorci pensando que ele ia comer a mãe da neta dele, ex de seu filho, que também já deu pro Sean, mas, que nada. Dessa vez, Kimber está mais interessada em coisas maiores. Maiores mesmo. Já que ela conhece de perto o 'grande amigo' do Dr. Mike Hamoui e sendo ele, bem...grande mesmo, acaba servindo de molde para o novo brinquedinho, que vende 5 mil peças só na primeira semana. Tudo culpa da Liz, que deu um belo discurso para Kimber, levando-a à decisão de dar o troco por ter sido tratada como lixo tantas e tantas vezes. Mas, ninguém deve se enganar. A mágoa de Troy é mais por ter encontrado alguém mais avantajado do que pela traição em si.
O mais interessante mesmo foi o paciente da vez, Enigma. Esse é naquele estilo gótico, depressivo, maléfico. Difícil até de descrever. Marcou o rosto com as marcas da Besta, 666 incluso e a parte de trás da cabela, tinha uma bela tatuagem de caveira. Obrigado pelos pais ricos a retirar tudo o que formava sua personalidade, Enigma sai da clínica diferente, todo risonho. Foi aí que eu percebi que a história acabaria em tragédia. Todos morrem. Enigma mata os pais e a si mesmo depois dessa verdadeira castração de personalidade.
Mad World, música, que faz parte da trilha sonora do filme “Donnie Darko”, foi a escolhida para tocar durante a cirurgia de Enigma e deu o clima perfeito ao momento e serve para descrever com precisão a intenção desse episódio.